sábado, 30 de abril de 2011

Raízes internas

Resolvi colocar esse texto aqui, para mostrar o quanto é importante valorizar as nossas raízes, que por vezes, por muitas vezes não são nem conhecidas. O texto trata de uma visita ao Museu Memorial Pontes de Miranda na nossa cidade de Maceió. Admito que já visitei outros museus no nosso Estado, entre eles o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore, mas confesso que desconhecia a existência do Memorial, e tive a oportunidade de conhecer. Recomendo e digo mais, já que valorizamos tantas outras cidades, estados e países, por que não valorizarmos um pouco das nossas raízes? Raízes internas, que nos trazem tantas coisas boas, sejam elogios, agradecimentos e tantas homenagens por nossa cultura! Fica a dica, espero que gostem e busquem!




Tantas são as oportunidades que temos para conhecer todos os pontos históricos e importantes do nosso estado. São museus, pontos de obras históricas, lugares que fizeram parte do começo e desenvolvimento do estado de Alagoas. Porém tão pouco é o interesse de conhecer, de buscar um pouco mais dos nossos passados e da história que nos cerca, cheia de tantos valores.
            No dia 07 do mês de abril do presente ano, por recomendação do Professor de Direito Processual Civil III José Ysnaldo Alves Paulo, tive a grande oportunidade de visitar o Memorial Pontes de Miranda da Justiça do Trabalho em Alagoas, sediado no centro da cidade de Maceió, capital de Alagoas. O memorial instituído em 1994 por Francisco Osani de Lavor, então juiz presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 19ª região, tem como objetivo principal, nos mostrar vida e obras do nosso célebre intelectual alagoano Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda. O memorial dispõe também de um grande acervo sobre a trajetória história do Direito do Trabalho em Alagoas.
            Na visita podemos observar a total segurança por parte dos que ali trabalham, para com cada pessoa que passa a visistar o memorial. Medidas internas de seguranças são impostas para que aqueles bens sejam preservados, e para que não venham sofrer nenhum dano, nem mesmo extravio dos pertences ali deixados por família, amigos, pessoas próximas e estudiosos de Pontes de Miranda. Logo na entrada podemos observar a última expressão de Pontes, mostrada por uma máscara mortuária, que foi doada ao memorial por sua esposa, nos deparamos ainda com quadros que retratam vários momentos da vida de Pontes, e da história do Direito trabalhista, encontramos também, objetos importantes, desde canetas, perfurador de papel, telefone que para ligar tinha uma sequência de apenas 3 ( três ) dígitos, cadeiras que perteceram as primeiras varas trabalhistas do estado, bandeija de metal muito utilizada em eventos oficiais, e até em folha de papel já muito desgastado o primeiro processo trabalhista de 1941. Observadas cartas, documentos importantes, nos deparamos com um processo que hoje pode ser considerado um caso de “estupro” naquela época uma fatalidade, que fez com que a família do menor se mudasse de onde aconteceu o crime, onde moravam, para defender a honra da família.
            Em outra parte do acervo, podemos tomar conhecimento de objetos pessoais, como gravatas borboletas, porta-gravatas, canetas, broches de camisas, luvas, óculos de grau, pertences bem pessoais do ilustre Professor Pontes de Miranda que chamavam bastante atenção em um detalhe: Em todos os pertences tinha resgistrada uma marca, o símbolo de uma coruja sobre um jaguar, as marcas eram feitas tanto em metal, alto relevo, baixo relevo, marca d’água ou qualquer outra espécie que registrasse o amor que Pontes tinha pelo símbolo. Carimbos com o desenho revelavam uma pequena frase:“ dois num só” . A coruja era objeto de admiração de Pontes, que possuia em sua coleção mais de 5 ( cinco ) mil delas, seja em obras de artistas plásticos, em gesso, em metal, ouro, bronze, vidro, cerâmica, ou qualquer outro material, o que importava na verdade não era apenas a figura da coruja, e sim seu significado: SABEDORIA.
            Nascido na capital alagoana em 1892, a música também fez parte da sua vida, apreciando grandes clássicos como Wagner, Beethoven, Mozart, amante da matemática, decidiu mudar um pouco o curso da sua história, seguiu os conselhos de sua tia e foi estudar na faculdade de Direito no Recife, o que chama atenção foi a idade em que ele ingressou, aos 14 anos de idade, concluindo seu curso em 1911 aos 19 anos. Mestre em outras matérias além do Direito ( onde possui uma obra Tratado de Direito Privado composta por 60 volumes e mais de 3º mil páginas ), Pontes possui livros nas áreas da Matemática, Sociologia, Psicologia, Política, Poesia ( desde os doze anos de idade ) Filosofia, e sobretudo Direito, obras publicadas em vários idiomas.
            Homem humilde, de muita inteligência, brilhantes pensamentos e ilustres obras em vários campos, adorava conversar com estudantes de direito que iam até seu escritório para saber de sua vida pessoal e de sua formação tão ilustre. Estes eram recebidos com um enorme carinho e admiração por parte de Pontes de Miranda. Sua Morte em 1979, aos 87 anos de idade, trouxe para todos muita tristeza, porém muita satisfação em ter na história alagoana, brasileira e mundial, ele, nosso ilustre Pontes de Miranda, que tanto contribuiu para o crescimento jurídico. Após sua morte, várias homenagens surgiram no Brasil inteiro, Congressos e ruas receberam seu importante nome, o que chama atenção na visita é que a guia faz uma observação em relação a todas essas homenagens que se espalharam pelo país, e diz que: “Sempre encontramos registros de peças, pertences, documentos, ou qualquer outro abjeto que represente parte da vida e obra de Pontes de Miranda, mas quando vamos em busca desses registros nunca encontramos”. Por isso e outros motivos, que o Museu Memorial Pontes de Miranda em Maceió recebe tantos turistas, e também visitantes, estudiosos, admiradores, estudantes de Direito e até crianças para aprender mais sobre esse alagoano.
O que vale ressaltar é que essas visitações não são tão freqüentes como deveriam, tem-se o costume de não conhecer, e mais, não valorizar as coisas da nossa terra, tudo que temos para aprender sobre a nossa cultura, antes de conhecer culturas externas. Alagoas tem muito valor, e não se deve levar em conta unicamente o que se possa ser estimado pecuniariamente. Antes devemos cumprir atenção ao valor histórico do que podemos apreciar em primeira oportunidade, e abrir as portas da nossa cidade para receber todas as pessoas que se interessam pela vida do nosso grande mestre.
Assim encerro esse texto, que tanto contribuiu para meu crescimento pessoal intelectual, e meu conhecimento jurídico.
Nada mais tenho a dizer senão: Não há outro nome para atribuir à Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, que não seja: Gênio! Sim, um grande gênio, de Maceió Alagoas para o mundo!

(Marcella Lessa)

2 comentários:

  1. Gosto do jeito como vc escreve, gosto do jeito como você percebe as coisas, gosto do seu gosto pelas letras.Gosto muito de vc minha amiga. Vc vai longe, eu aposto em você viu, e não costumo me enganar em minhas apostas profissionais e literárias.Você tem brilho próprio.continue assim sempre.

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  2. Emocionei. Em 2 dias com o blog, e recebo um comentário tão grandioso e de uma pessoa que admiro tanto. Professor Adv. Raimundo Palmeira!
    Agradeço por tudo, principalmente pela FORÇA transmitida por suas palavras. Você não sabe o quanto fiquei feliz ao ler esse comentário.

    Obrigada mesmo, obrigada por apostar em mim, pode ter certeza que farei valer sua aposta. Na profissional com FÉ em Deus seremos amigos da mesma área, será uma honra.

    Também gosto muito de você, e como andas por aqui, também ando pela sua coluna social. E farei sim o artigo/poesia que me pediu para publicar na sua coluna. Será um enorme prazer :)

    beijão, e muito obrigada mais uma vez!

    http://www.agenciamanchete.com.br/?p=6967

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